Seja bem vindo

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CONTO

O MATE DO JOÃO CARDOSO

— A la fresca!… que demorou a tal fritada! Vancê reparou?

Quando nos apeamos era a pino do meio-dia... e são três horas, largas!... Cá pra mim esta gente esperou que
as franguinhas se pusessem galinhas e depois botassem, para depois apanharem os ovos e só então bater esta
fritada encantada, que vai nos atrasar a troteada, obra de duas léguas... de beiço!...

Isto até faz-me lembrar um caso.. . Vancê nunca ouviu falar do João Cardoso?... Não?... É pena.

O João Cardoso era um sujeito que vivia por aqueles meios do Passo da Maria Gomes; bom velho, muito
estimado, mas chalrador como trinta e que dava um dente por dois dedos de prosa, e mui amigo de novidades.

Também... naquele tempo não havia jornais, e o que se ouvia e se contava ia de boca em boca, de ouvido
para ouvido. Eu, o primeiro jornal que vi na minha vida foi em Pelotas mesmo, aí por 1851.

Pois, como dizia: não passava andante pela porta ou mais longe ou mais distante, que o velho João Cardoso
não chamasse, risonho, e renitente como mosca de ramada; e aí no mais já enxotava a cachorrada, e puxando o
pito de detrás da orelha, pigarreava e dizia:

 — Olá! Amigo! apeie-se; descanse um pouco! Venha tomar um amargo! É um instantinho.... crioulo?!…

O andante, agradecido à sorte, aceitava… menos algum ressabiado, já se vê.

— Então que há de novo? (E para dentro de casa, com uma voz de trovão, ordenava:) Oh! crioulo! Traz mate!

E já se botava na conversa, falava, indagava, pedia as novas, dava as que sabia; ria-se, metia opiniões,
aprovava umas cousas, ficava buzina com outras...

E o tempo ia passando. O andante olhava para o cavalo, que já tinha refrescado; olhava para o sol que subia
ou descambava… e mexia o corpo para levantar-se.

— Bueno! são horas, seu João Cardoso; vou marchando!…

— Espere, homem! Só um instantinho! Oh! crioulo, olha esse mate!

E retomava a chalra. Nisto o crioulo já calejado e sabido, chegava-se-lhe manhoso e cochichava-lhe no
ouvido:

— Sr., não tem mais erva!…

— Traz dessa mesma! Não demores, crioulo!...

E o tempo ia correndo, como água de sanga cheia.

Outra vez o andante se aprumava:

— Seu João Cardoso, vou-me tocando… Passe bem!

— Espera, homem de Deus! É enquanto a galinha lambe a orelha!… Oh! crioulo!… olha esse mate, diabo!

E outra vez o negro, no ouvido dele:

— Mas, sr!… não tem mais erva!

— Traz dessa mesma, bandalho!

E o carvão sumia-se largando sobre o paisano uma riscada do branco dos olhos, como encarniçando...

Por fim o andante não aguentava mais e parava patrulha:

— Passe bem, seu João Cardoso! Agora vou mesmo. Até a vista!

— Ora, patrício, espere! Oh crioulo, olha o mate!

— Não! não mande vir, obrigado! Pra volta!

— Pois sim…, porém dói-me que você se vá sem querer tomar um amargo neste rancho. É um instantinho...
oh! crioulo!

Porém o outro já dava de rédea, resolvido à retirada.
E o velho João Cardoso acompanhava-o até a beira da estrada e ainda teimava:

— Quando passar, apeie-se! O chimarrão, aqui, nunca se corta, está sempre pronto! Boa viagem! Se quer
esperar... olhe que é um instantinho... Oh! crioulo!…

Mas o embuçalado já tocava a trote largo.

Os mates do João Cardoso criaram fama… A gente daquele tempo, até, quando queria dizer que uma cousa
era tardia, demorada, maçante, embrulhona, dizia — está como o mate do João Cardoso!

A verdade é que em muita casa e por muitos motivos, ainda às vezes parece-me escutar o João Cardoso,
velho de guerra, repetir ao seu crioulo:

— Traz dessa mesma, diabo, que aqui o sr. tem pressa!...


— Vancê já não tem topado disso?…


Autor: João Simões Lopes Neto - Contos gauchescos

Fonte : Internet

Função da linguagem: Fática, pois estabelece um diálogo e denotativa, pois possui um foco na informação.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

REPORTAGEM

Dá para acabar com o preconceito?

     Todos temos preconceitos, em maior ou menor grau. Alguns de nós deixam esse sentimento transbordar para as atitudes, machucando as pessoas, discriminando abertamente ou de forma camuflada. Alguns (poucos) conseguem lidar bem com esse sentimento, aceitando e respeitando ao máximo as diferenças dos outros.       
         O combate ao (próprio) preconceito é uma luta constante, que precisamos travar a cada contato, a cada nova amizade, a cada conversa, a cada decisão. Como vimos nessa reportagem, o preconceito é uma herança milenar da humanidade e, provavelmente, ainda levaremos milênios para conseguir eliminar totalmente este sentimento de nossas mentes e corações (se é que isso é realmente possível).     
        Formiga chama a atenção para a importância de se abordar o assunto com coerência em casa. “Se o pai não toma posição nas tarefas domésticas junto com a mãe e simplesmente chega em casa e pede para a mulher pegar uma cerveja, o filho vai assimilar isso.” Da mesma forma, lembra ele, quem presencia um ato de discriminação na escola, na rua ou na televisão, e não tem espaço em casa para debatê-lo e entendê-lo, tem tudo para adotar o comportamento preconceituoso como certo. “Quem sabe, se isso acontecer, mas somente se isso acontecer, poderemos ver esse mal eliminado em duas ou três gerações,” finaliza Antunes.        
        Leis e medidas judiciais podem servir para defender suas vítimas, mas não resolvem o problema na raiz. Então, qual será a saída? Os pesquisadores ouvidos pelo portal concordaram ao afirmar que a educação hoje não tem ajudado muito. Celso Antunes diz que é preciso que haja um esforço intenso e direcionado para o combate ao preconceito na escola, e não de uma educação que é preconceituosa porque se julga capaz de combatê-lo, mas não o faz de verdade. “Se você chega para um professor e pergunta se ele combate o preconceito, ele vai dizer:Óbvio!. Mas como, se ele não leva o assunto com freqüência para a sala de aula e não toma atitudes que reforcem seu discurso?”.


Autor: Desconhecido

Fonte: Internet

Palavras desconhecidas: coerência - ligação, conexão, conjunto de ideia ou de fatos.

Função da Linguagem: Denotativa

CRÔNICA

     "Um olhar sobre o preconceito

      Todos conhecemos a realidade: todas as sociedades são preconceituosas. Não é apenas um, nem dois indivíduos, mas sim toda a sociedade. Todos os indivíduos têm preconceitos, uns mais que outros. Porquê? Na minha opinião, as ideias preconceituosas derivam de “moldes sociais”.     
        Nas sociedades atuais, de forma geral, uma pessoa para pertencer à mesma, deve ser esbelta, rica, famosa. Pode até nem ser esbelta, desde que tenha dinheiro. Deve ter um emprego milionário, roupas caras, perfumes caros, carros caros e casas caras. Por vezes, nem é necessário serem pessoas cultas. Contudo, é obrigatório serem heterossexuais...e brancos.       
          Mas se somos todos iguais, porquê complicar? Também eu gostaria de saber. Tendo em conta que tudo tem uma explicação, eu recuo no tempo de modo a saber a origem destes moldes.          
          Tomemos então em conta a Sagrada Escritura. Em seis dias, Deus criou tudo, e no sétimo descansou. Uma das suas criações foi o Homem, cujo nome é Adão...mais não se sabe. Mais tarde veio a criar Eva, a primeira mulher...e mais não se sabe. Cristo veio à Terra pregar a palavra do Senhor seu pai. Viveu até aos trinta e três anos. Foi um bom homem...e mais não se sabe.       
         Se mais não se sabe sobre estas personagens porque é que as pessoas dizem e representa-nas como sendo brancas?       
        “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança...E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.” (Génesis 1:26-27)         
         Mas qual é a imagem de Deus? Branco, negro, alto, baixo? O problema é que ninguém sabe. De fato, Deus não passa de uma crença que as pessoas têm para não pensarem que andam no mundo sem motivo, logo não possui imagem física universal. Contudo, Adão e Eva, feitos à sua imagem, e Jesus Cristo, seu filho, são todos brancos. Assim como os doze discípulos.       
         Somando dois mais dois ficamos com o fato de toda a gente saber da existência da imagem de Deus, de Adão, de Eva, dos discípulos, mas ninguém sabe de mais nada. Apesar disso, são todos brancos, magros e esbeltos. Como a imaginação é frutífera.         Com tudo isto, as pessoas criaram imagens aparentemente verdadeiras, sobre as quais não há argumentos. E com estas imagens foram excluindo as outras classes de pessoas. Daí os negros serem os escravos, os homossexuais serem hereges, os deficientes serem filhos do Diabo, etc...       
         Com pequenas alterações, as coisas têm-se mantido desta maneira.       
         Para terminar, deixo apenas a questão: E se Deus fosse negro?

Autor: Ricardo Alves
Fonte: Internet
Palavras desconhecidas: recuo - volto; esbeltos - bonitos; hereges - indicados como loucos.
Função da Linguagem: Denotativa, ela tem foco apenas em uma informação, que é o preconceito.

domingo, 8 de setembro de 2013

Somos alunos do 1º ano, estudamos no Colégio Tiradentes da Brigada Militar de Santo Ângelo, criamos este blog para um trabalho que a princípio realizava-se em sala de aula e agora, por decisão dos professores, tivemos a oportunidade de criar o mesmo para apresentar textos com vários gêneros textuais. Os componentes do grupo são: Fernanda Nascimento, Natália Patan, Eduardo Bueno e Rayla Eduarda da Rosa.